terça-feira, 5 de abril de 2011

Só Tua Graça Me Basta!







“Essa é a fé descrita por Paul Tillich em sua famosa obra The shaking of the foundations: "A graça nos atinge quando estamos em grande dor e desassossego. Ela nos atinge quando andamos pelo vale sombrio da falta de significado e de uma vida vazia... Ela nos atinge quando, ano após ano, a perfeição há muito esperada não aparece, quando as velhas compulsões reinam dentro de nós da mesma forma que têm feito há décadas, quando o desespero destrói toda alegria e coragem. Algumas vezes naquele momento uma onda de luz penetra nossas trevas, e é como se uma voz dissesse:
'Você é aceito. Você é aceito, aceito pelo que é maior do que você, o nome do qual você não conhece. Não pergunte pelo nome agora; talvez você descubra mais tarde. Não tente fazer coisa alguma agora; talvez mais tarde você faça bastante. Não busque nada, não realize nada, não planeje nada. Simplesmente aceite o fato de que você é aceito'. Se isso acontece conosco, experimentamos a graça".[1]
E a Graça diz em altos brados: você não é só um velho desiludido que vai morrer logo, uma mulher de meia-idade presa num emprego e querendo desesperadamente sair, um jovem sentindo esfriar o fogo do ventre. Você pode ser inseguro, inadequado, confuso ou barrigudo. A morte, o pânico, a depressão e a desilusão podem estar perto. Mas você não é só isso. Você é aceito. Nunca confunda sua percepção de você mesmo com o mistério de que você é realmente aceito.
Paulo escreve: "Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2Co 12:9). Quaisquer que sejam as nossas falhas, não precisamos baixar os olhos na presença de Jesus. Ao contrário de Quasímodo, o corcunda de Notre Dame, não precisamos esconder tudo o que é feio e repulsivo em nós. Jesus vem não para o superespiritual, mas para o vacilante e o enfraquecido que sabem que não têm nada a oferecer, e que não são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável. Ao olharmos para cima ficamos surpreendidos por encontrar os olhos de Jesus abertos em assombro, profundos em compreensão e gentis em compaixão.”

 Trecho extraído do livro “O Evangelho Maltrapilho”, de Brennan Mannin





[1] Paul TILLICH. The shaking of the foundations. Nova York: Scribner's, 1948, p. 161.2.

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